Os portugueses com crédito à habitação que virem a taxa de juro dos seus empréstimos revista no próximo mês têm razões para sorrir quando partirem de férias.
Todos os contratos revistos em Agosto vão reflectir uma descida das prestações, para novos mínimos históricos. Os encargos mensais caem entre 0,3% e 4,4%.
A maior redução é reflectida nos empréstimos indexados à Euribor a 12 meses, mas irá beneficiar uma parcela pequena de famílias, já que este indexante é utilizado num número reduzido de créditos. Assumindo o exemplo de um empréstimo de 100 mil euros com um prazo de 30 anos e um ‘spread’ de 1%, quem tiver como referência no seu crédito esse indexante, vê a prestação fixar-se no próximo mês nos 329,67 euros, 4,4% e 15 euros abaixo dos 344,54 euros definidos há um ano.
Nos restantes contratos revistos em Agosto, aqueles que utilizam como referência a Euribor a seis meses têm uma redução da prestação, em média, de 1,5%, com esta a fixar-se nos 323,9 euros, 4,77 euros a menos do que o valor fixado há seis meses.
Mais curta será a quebra nos encargos mensais das famílias cujos empréstimos à habitação usam como indexante a Euribor a três meses. Para esses agregados, a prestação encolhe 0,3%, com o valor a estabelecer-se nos 320,81, aproximadamente menos um euro face à revisão de há três meses. Em compensação, essas famílias são as únicas que vão beneficiar de uma taxa de juro inferior ao valor do ‘spread’.
Trata-se assim da terceira ronda de famílias a beneficiar com os valores negativos da Euribor a três meses. As revisões de Junho foram as primeiras em que isso aconteceu.
A expectativa é que nos próximos meses haja mais portugueses a tirar partido do rumo negativo que esse indexante fixou desde 21 de Abril deste ano. Na última sessão, a Euribor a três meses foi fixada num novo mínimo de sempre: -0,021%. O comportamento dos contratos de Forward Rate Agreement (FRA), que servem de referência para a evolução da Euribor a três meses, apontam para que só em Setembro do próximo ano esse indexante assuma números ligeiramente positivos: 0,02%. Essa altura coincide com a data prevista para que o Banco Central Europeu (BCE) possa dar início à retirada do programa de compra de dívida que a instituição está a levar a cabo desde Março. A partir daí, os valores a que estão a ser negociados os FRA apontam para uma tendência de subida gradual desse indexante, mas sempre com valores aquém dos 0,5% pelo menos até Setembro de 2018. De salientar, contudo, que nada garante que essa evolução se venha a confirmar. Tudo dependerá do comportamento da economia e da evolução da política monetária do BCE daí resultante. Nomeadamente o ‘timing’ escolhido para a subida da taxa de juro de referência da zona euro que se encontra actualmente fixada no mínimo histórico de 0,05%.
Fonte: Económico